terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A Fé é Cega?!


Leitura: Gênesis 22.10 “E, estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar o filho”.


Recentemente assisti um debate promovido pela Fundação Fixid Point, com base em um livro, intitulado “Deus, um delírio”, por Richard Dawkins, cuja primeira tese é uma afirmação: “A fé é cega”.

Para o prof. Richard Dawkins “Um dos efeitos negativos da religião é a anulação do entendimento”. Segundo a sua compreensão a religião cega às pessoas com uma “Fé irracional”.

Para demonstrar que a fé não é cega, avaliaremos a vida e as decisões de Abraão e descobriremos que sua fé é viva e operante.

Abraão aos 75 anos quando chamado obedeceu para ir para um lugar desconhecido, para receber do Senhor a promessa de uma grande descendência. Depois de 25 anos aguardando a promessa sem vacilar, Deus o visita para anunciar o nascimento do filho da promessa.

Alguns anos mais tarde, Deus apareceu novamente a Abraão e lhe faz um pedido, com objetivo de lhe por a prova.

Gênesis 22.1-2 “Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei”.

O holocausto é um sacrifício onde à oferta depois de morta deve ser queimada, e suas prescrições estão descritas principalmente no livro de Levítico.

Porém, havia na terra de Canaã um deus identificado como “Moloque”, essa deidade caracterizada com corpo de homem e cabeça de boi, parecido com “Minotauro” da mitologia grega, exigia o sacrifício dos primogênitos, onde eles eram queimados. Uma tradição antiga descreve que os ritos eram cercados de muita prostituição, onde os amorreus em seus rituais submetiam seus filhos aos atos mais cruéis e hediondos que se possa imaginar.

O interessante que havia na lei de Moisés, uma proibição claramente expressa a esse tipo de “holocausto”.

Levítico 20.1-5 “Disse mais o SENHOR a Moisés: Também dirás aos filhos de Israel: Qualquer dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, que der de seus filhos a Moloque será morto; o povo da terra o apedrejará. Voltar-me-ei contra esse homem, e o eliminarei do meio do seu povo, porquanto deu de seus filhos a Moloque, contaminando, assim, o meu santuário e profanando o meu santo nome. Se o povo da terra fechar os olhos para não ver esse homem, quando der de seus filhos a Moloque, e o não matar, então, eu me voltarei contra esse homem e contra a sua família e o eliminarei do meio do seu povo, com todos os que após ele se prostituem com Moloque”.

Apesar de que Moisés está há centenas de anos depois de Abraão, o princípio de sacrificar crianças sempre foi abominável, e Deus submete o seu servo a essa horrível expectativa.

Como um Deus que é Santo pode fazer isso? Não é estranho o modo como Deus coloca seu servo Abraão a essa experiência de fé?

Não parece uma contradição? Não é injusto? Não é absurdo e desumano? Será que a “Fe” não é mesmo “Cega”? ou seja, irracional, aparte da inteligência e o raciocínio? Será que Deus não exige de seus súditos um obediência cega?

Começaremos por expor o que é fé, e depois com é a relação da fé com o entendimento.

O que é Fé? Se não a “Certeza de coisas que se esperam”. (Hb 11.1)
Abraão cria em Deus, essa confiança em Deus, foi confirmado quando Deus o salvou, conforme foi registrada em Gênesis 15.6.

Gênesis 15.6 “Ele creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça”.

Naquela ocasião Abraão estava passando por alguns momentos de crise, pois o seu desejo de ter uma descendência era muito grande, e Sara ainda estéril não podia lhe dar filhos, então a alternativa era buscar em si mesmo forças para concretizar esse desejo, e tem a intenção de escolher seu servo Eliezer para ser o seu descendente, mas o Senhor não permite.  
E as Palavras de Deus naquele momento lhe trouxe segurança e alento, como a salvação de sua alma.

Gênesis 15.5 “Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade”.

Daquele momento em diante, Abraão não era apenas alguém que obedecia a Deus em vista a uma promessa, sim porque ele foi salvo e a relação entre Deus e Abraão passou de Servo e Senhor para amigo de Deus.

Tiago 2.23 “E se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus”.

Isaque nasceu, no tempo determinado de Deus, esse nascimento contribuiu para que Abraão crescesse na confiança com o Senhor, ele sabia que Deus não é mentiroso e que sempre cumpre aquilo que promete.

Além disso, Deus havia lhe dado provas incontestáveis de seu amor, por inúmeras vezes o livrou de si mesmo, o livrou de reis e monarcas, príncipes e ladrões, lhe trouxe direção e sabedoria.

Seria muito difícil Abraão não confiar em Deus, diante de uma trajetória de mais de 30 anos andando com Senhor.

Assim sendo, quando Deus pediu para que ele sacrificasse seu único filho como holocausto ele estava decidido em fazer.

1º Porque erro Deus não faz
2º Porque Deus sempre cumpre sua promessa

Desde aquela madrugada, Abraão estava certo que “DEUS PROVERIA UM CARNEIRO PARA O SACRIFICIO” e se não “DEUS ERA PODEROSO PARA RESSUSCITA-LO”.

Abraão não tinha netos, nem casado era Isaque, crendo que Deus sempre cumpre suas promessas. Abraão não hesitou em obedece-lo, e tudo isso foi confirmado pela Bíblia.

Hebreus 11.17-19 “Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas, a quem se tinha dito: Em Isaque será chamada a tua descendência; porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos”.

Abraão fez exatamente o que Deus lhe pediu, três dias depois, viajando com filho, possivelmente meditando em tudo aquilo que aprenderá com Deus, Abraão guardou silencio com relação aquilo que estava prestes a fazer.

Chegando ao monte Moriá, Deus lhe indica onde ele deveria oferecer o holocausto, e então preparou a lenha e o fogo, tudo estava pronto, falta o passo de fé, que evidenciaria sua plena confiança em Deus.

Gênesis 22.10-13 “E, estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar o filho. Mas do céu lhe bradou o Anjo do SENHOR: Abraão! Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui! Então, lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho. Tendo Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho”.

DEUS PROVERÁ, é assim que Abraão interpretou toda aquela situação. Deus mais uma vez foi fiel. Deus cumpre sempre suas promessas!

Talvez para nós todo esse registro aparentemente monstruoso, revele um Deus impiedoso, mas para Abraão que o conhecia e cria em suas promessas era um Deus que tudo PROVÊ,

Como relacionar a fé com o raciocínio? Seria essa descrição passos de um homem carecido de conhecimento? Seria esse fato uma exposição de uma mente fraca e doentia, de pai privado de amor e compreensão?

Gênesis 22.15-18 “Então, do céu bradou pela segunda vez o Anjo do SENHOR a Abraão e disse: Jurei, por mim mesmo, diz o SENHOR, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho, que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos, nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz.

Essa declaração de Deus em vista a obediência de Abrão, descreve para nós que pouco importa o que o mundo ou os intelectuais deste presente século pensa a respeito das nossas decisões em vista as nossas convicções.

Para nós que somos dirigidos pela Fé na Palavra de Deus, o importante é o que Deus pensa sobre nós. Aliais foi exatamente isso que falou o apóstolo Paulo.

1Co 1.26-29 “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento;  pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;  a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus”.

Esse registro nos traz preciosas lições sobre a fé:

1º - A fé sempre é alicerçada nas promessas de Deus
2º - A fé nunca é contra o raciocínio
3º - A fé sempre é operante através da obediência
4º - A fé é a inteligência de confiar na mente de Deus
5º - Deus sempre cumpre o que promete e sempre honra aquele que nele confia

Pr. Mário Botão 

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