Trapaceando

Hoje meditaremos sobre um comportamento muito comum entre as pessoas, e infelizmente comum entre os cristãos que é o ato de trapacear.

Trapacear significa tratar com fraude. O trapaceiro é alguém de má fé que por hábito faz trapaças. Trapaças é um ato de engano, um ato fraudulento.

Será que crente trapaceia? Será que um crente pode fraudar outro irmão em Cristo? Será que um crente pode agir da má fé com um estranho? Será que um crente pode enganar um parente próximo?

Poder qualquer um pode inclusive crente, mas não deve. Tem crente que trapaceia outro crente Tem crente que trapaceia o estranho Tem crente que trapaceia a própria família.

Leitura: Provérbios 26.19 “Assim é o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira”.

Existem muitas maneiras de trapacear, existe aquela enganação que nos é oferecida ingenuamente através dos desenhos animais, qual personagem das histórias infantil que é um trapaceiro? Eu acredito que são vários, mas nenhum tem tanto proeminência quanto o Pica-Pau. Todos os desenhos ele engana, Todos os episódios ele trapaceia, E isso tem sido embutido na mente das crianças de forma deliberada.

Existem muitas maneiras de trapacear, existe uma arte que faz o uso do ilusionismo para impressionar as pessoas. A mágica sempre esteve presente no meio da civilização, no Egito, na Babilônia nós encontramos referencias a mágica. Atualmente temos um mágico ilusionista, um mágico de rua, que tem se tornado célebre nessa arte de ilusão, e ganhador de vários prêmios da televisão norte-americana. Ele tem 30 anos, reside nos EUA, viaja por todo o mundo fazendo mágicas, inclusive nas ruas, conhecido como Dynamo.

 

A trapaça está presente nas escolas, nas universidades, nos cursinhos, as pessoas se entregam facilmente a uma prática fraudulenta na hora de realizar as provas, o tão conhecido “colar”, Porque as pessoas colam nas provas? em primeiro lugar porque são trapaceiras, em segundo lugar porque não estudaram, em terceiro lugar porque não existe uma supervisão acentuada e uma medida disciplinar cabível. Tem pessoas que trapaceiam, enchendo a prova de “Linguiça”, ou seja, preenchendo com coisas que não tem nada haver com a questão.

Trapacear é muito mais que uma simples mentira, trapacear não é simplesmente distorcer ou manipular a verdade, trapacear é ganhar vantagem em cima de alguém.

Temos vários exemplos na bíblia de pessoas que foram trapaceiras, e vamos aprender as consequências de alguém que engana.

1º exemplo foi o de Caim, que trapaceou dizendo ao irmão “Vamos ao campo”, mas seu objetivo era “assassina-lo”.

Gênesis 4:8 “Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou”.

Perceba a motivação por detrás dessa trapaça, certamente a motivação de Caim não era gastar um tempo com irmão no campo, de onde ambos tiravam seu sustento, seja no cultivo na terra ou com criação de gado.

Analisando o fato nós percebemos a má fé de Caim, que apunhalou o próprio irmão por detrás, sendo perverso e cruel,

Ninguém que trapaceia pode ser considerado justo. Tanto é fato que Deus disse que Caim era do Maligno: 1 João 3:12  não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas.

Qual foi o fim que o Senhor deu a Caim, perdeu o direito de habitação, pois Deus o tornou errante, perdeu o direito de produzir, pois Deus não lhe daria o fruto da terra, e pra piorar Perdeu o direito, de viver em paz, por que viveria na sombra do medo,

Gênesis 4.12-14 “Quando lavrares o solo, não te dará ele a sua força; serás fugitivo e errante pela terra. Então, disse Caim ao SENHOR: É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará”.

Será que valei a pena trapacear o irmão para mata-lo?

2º exemplo foi o de Abraão, que trapaceou dizendo a faraó que “Sara era sua irmã” a fim de se livrar de uma possível ameaça.

Gênesis 12.11-13 “Quando se aproximava do Egito, quase ao entrar, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher de formosa aparência; os egípcios, quando te virem, vão dizer: É a mulher dele e me matarão, deixando-te com vida. Dize, pois, que és minha irmã, para que me considerem por amor de ti e, por tua causa, me conservem a vida”.

Esse texto mostra que Abrão teve alguns momentos de má fé. Sabemos que Deus o chamou para ir para a terra de Canaã, entretanto Abrão mudou os planos, não Deus! E nos planos de Abrão ele deveria ir para o Egito, mas nos planos de Deus, ele deveria permanecer em Canaã,

Assim como nós, trocamos a vontade perfeita de Deus pela nossa, assim Abrão com sua caravana se foi para o Egito, mas ele temeu pela própria vida e fez um acordo com sua esposa e também parente próximo, tu és formosa de aparência, ou seja, você é um mulherão, fala que é minha irmã não minha esposa, para que faraó por amor de ti me preserve a vida,

Foi exatamente isso que aconteceu, Abrão trapaceou, Sarai encobriu e Faraó foi enganado.

Entretanto as consequências certamente viriam sobre á casa de Faraó, e Deus “chegou junto” e disse o seguinte a faraó: “Ou você libera a menina e devolvendo a para seu esposo, ou eu mato você e o seu povo”. Faraó devolve Sarai, mas deu um sermão em Abrão.

Gênesis 12.16-20 “Este, por causa dela, tratou bem a Abrão, o qual veio a ter ovelhas, bois, jumentos, escravos e escravas, jumentas e camelos. Porém o SENHOR puniu Faraó e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão. Chamou, pois, Faraó a Abrão e lhe disse: Que é isso que me fizeste? Por que não me disseste que era ela tua mulher? E me disseste ser tua irmã? Por isso, a tomei para ser minha mulher. Agora, pois, eis a tua mulher, toma-a e vai-te. E Faraó deu ordens aos seus homens a respeito dele; e acompanharam-no, a ele, a sua mulher e a tudo que possuía”.

Olhando para a narrativa bíblica, não foi à última vez que Abrão teve essa postura inadequada, todas as vezes que Abrão se via em desvantagem, ele trapaceava.

Mas podemos aprender algumas lições com Abrão: Em primeiro lugar ele ficou rico no Egito, mas estava pobre de Deus. Em segundo lugar ele foi preservado por faraó, mas sua esposa não. Em terceiro lugar ele semeou o mal para aqueles que expressam acolhimento e bondade para com ele.

3º exemplo foi o de Jacó, que trapaceou seu pai e irmão com o propósito de ganhar a benção da primogenitura.

Gênesis 27.36 “Disse Esaú: Não é com razão que se chama ele Jacó? Pois já duas vezes me enganou: tirou-me o direito de primogenitura e agora usurpa a bênção que era minha. Disse ainda: Não reservaste, pois, bênção nenhuma para mim?”.

Talvez o personagem que melhor resuma essa postura traiçoeira seja Jacó, seu nome significa trapaceiro, Jacó era um camarada que aprendeu principalmente com a mãe a arte de enganar.

Logo cedo, quando ainda estava no ventre, Jacó já semeava confusão com o irmão,

Gênesis 25.22 “Os filhos lutavam no ventre dela; então, disse: Se é assim, por que vivo eu? E consultou ao SENHOR”.

Esaú nem mesmo nasceu direito e Jacó já expressa uma tentativa de coloca-lo para trás.

Na juventude Jacó apresenta suas habilidades de sedução, enganou o irmão, numa proposta ilegal, trocar o direito de primogenitura por prato de comida, É muito provável que nessa altura Jacó tinha suas percepções de maldades desenvolvidas,

O estopim que rasga definitivamente o relacionamento entre esses irmãos, foi o dia em que Isaque iria abençoar o primogênito. Motivado, aconselhando e encorajado por sua vil mãe, ele trapaceia o próprio pai a fim de ganhar por meios fraudulentos o direto a primogenitura.

O Direito a primogenitura é a tradição comum de herança de toda a riqueza, estado ou função dos pais para primeiro filho, manter o status da linhagem familiar. Esse direito caberia a Esaú, jamais a Jacó,

E isso não tem nada haver com predição que Deus entregou a Rebeca,

Gênesis 22.23 “Respondeu-lhe o SENHOR: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço”.

Esse episódio nos mostra algumas lições,

Primeira lição, Jacó apresentava desde cedo uma declinação para trapacear, ele deveria ter sido freado pelos pais, e não ter sido encorajado. Segunda lição, Esaú, nem sempre foi a vitima, ele foi imprudente ao participar de uma situação ilegal, ele deveria ter reprendido o irmão quando buscar ludibria-lo. Terceira lição, Jacó colheu as consequências de seus atos pecaminosos, e isso não tem nada haver com aquilo que Deus tinha separado para ele.

Conclusão

Trapacear é um comportamento inadmissível para aquele que professa fé cristã, mas infelizmente muitos crentes estão envolvidos na arte de enganar.

E quando falando em trapacear, não importa para quem trapaceia se é pai, mãe, irmão, irmã, filhos, esposa, esposos, quando alguém age de má fé ele age contra todos sem levar enquanto o grau de parentesco ou o grau de afetividade.

Devemos abandonar esse nível de comportamento, que não reflete o Senhor da Glória,

Precisamos da capacitação de Deus e do arbítrio da vontade para decidirmos capacitados por Deus a agir de maneira legítima e verdadeira.

Pr. Mário Botão